Zaqueu, desce depressa!
31/07/2018 15:27
Jesus entrou em Jericó, e atravessava a cidade.
"Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão.
Jesus entrou em Jericó, e atravessava a cidade.
Havia ali um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos publicanos.
Ele queria ver quem era Jesus, mas, sendo de pequena estatura, não o conseguia, por causa da multidão.
Assim, correu adiante e subiu numa figueira brava para vê-lo, pois Jesus ia passar por ali.
Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e lhe disse: "Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje".
Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria.
Todo o povo viu isso e começou a se queixar: "Ele se hospedou na casa de um ‘pecador’ ".
Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: "Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais".
Jesus lhe disse: "Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão.
Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido".
Lucas 19:1-10
A narrativa do encontro de Jesus com Zaqueu, o rico chefe dos publicanos encerra em si mesmo profundas revelações que hoje aqui analisaremos.
Quem era Zaqueu?
Zaqueu era um publicano, e para ser mais especifico, ele na verdade era chefe dos publicanos na cidade de Jericó. A história conta que os publicanos eram coletores de impostos. E como Israel estava sob o domínio do Império Romano, na época de Jesus, Zaqueu recolhia então impostos de seus próprios irmãos de nação, os Judeus, para servir aos poderosos Romanos. Eles pagavam um certo montante de dinheiro a Roma, e passavam a ter o direito de cobrar impostos aos seus concidadãos judeus muitas vezes usando práticas extorsivas, enriquecendo às custas da miséria dos Israelitas, pondo um fardo pesado sobre o povo.
Os publicanos também eram responsáveis por supervisionar as construções e as obras públicas, e muitas vezes forneciam suplementos às legiões do exército que era inimigo de Israel, o exército Romano. Por isso, eles eram considerados traidores do povo de Deus, e eram contados com os impuros e pecadores, sendo odiados pelo povo judeu.
Rico
E apesar do ódio dos outros judeus Zaqueu sendo o chefe dos publicanos tinha o favor dos romanos pagãos, ele enriquecia com eles estando bem apoiado em sua estrutura económica e política, tendo entre estes uma boa posição social com bastantes regalias sócio económicas.
Desejava ver Jesus
Mas apesar de sua boa condição social à custa dos romanos pagãos, Zaqueu tinha dentro de si o desejo de ver alguém de quem se dizia na altura fazer milagres e maravilhas entre o povo, Jesus. Ele tinha dentro de si um desejo espiritual por conhecer a Deus e isso o atraiu a Jesus.
Os problemas de Zaqueu
Mas para Zaqueu existia um problema que lhe dificultava o encontro com o Mestre: A multidão!
Zaqueu devido à sua baixa estatura teria dificuldade em ver o Mestre resultante das multidões que o seguiam, mas o problema que Zaqueu enfrentou na altura representa apenas o mesmo problema que o homem de nossos dias enfrenta para ver a Jesus. Também hoje muitos têm o problema da "multidão", no caso de Zaqueu era devido a sua baixa estatura, mas cada um tem a sua própria limitação que lhe diminui o tamanho de forma a poder ver o Mestre. A verdade é que quando se coloca no coração o desejo de conhecer Jesus, logo aparece a multidão (os amigos, família, patrão, etc.) colocando barreiras para dificultar a nossa aproximação.
Vontade e perseverança
Mas Zaqueu dá o exemplo, ele não se intimidou com isso e procurou uma solução para ver Jesus. Ele viu uma figueira brava (sicómoro) e subiu na mesma de forma a ter essa possibilidade.
E Jesus que sabe de todas as coisas, sabia que Zaqueu tinha essa vontade e ao vê-lo em cima da árvore lhe diz:
"Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje".
É interessante Zaqueu estar em cima duma figueira brava pois isso representava a sua situação atual.
Se uma figueira na Bíblia representa a nação de Israel, a figueira brava representa neste caso a nação gentílica de Roma, que era pagã. Zaqueu apoiava a sua vida e a sua alta condição social em Roma e não em Deus e por isso a primeira ordem que ouve de Jesus é:
Zaqueu, desce depressa!
Era necessário que Zaqueu deixasse de estar apoiado no mundo pagão que lhe trazia riqueza para ter um encontro pessoal com Jesus. Isso também acontece hoje com o homem. Muitos são ricos e sustentam a sua posição social numa estrutura social corrupta e anti-deus que se lhe opõe diretamente. Para muitas dessas pessoas o problema não é a riqueza, mas sim a pouca vontade de conhecer a Deus. Mas alguns desses pecadores, tais como Zaqueu, têm vontade de conhecer a verdade, mas para isso é necessário estar disposto a descer de certo patamar a que se está acostumado, não necessariamente financeiro (como veremos), mas muitas vezes social, pois o high society deste mundo e suas hipocrisias sociais não se compatibilizam com o Deus Eterno.
Zaqueu, ouviu a Jesus
Não sabemos como foi o diálogo de Jesus com Zaqueu no percurso até sua casa, o certo é que fora profundamente marcado. Todos os que buscam Jesus são de fato, transformados através do encontro. A ordem de Jesus: “Zaqueu, desce da figueira brava” também pode ser traduzida como: “ Zaqueu, abandona essa vida , larga esses métodos corruptos, falhos, esses frutos imprestáveis”.
Posição social elevada não é requisito de santidade. Status não compra salvação. Ainda que seja o mais influente dos homens, é preciso se humilhar diante de Deus para ser exaltado e acima de tudo estar disposto a sair do “sistema corrupto” ainda que este nos traga vantagens sociais e financeiras.
E com Zaqueu foi assim pois afirmou:
"Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais".
A declaração de Zaqueu é de arrependimento, antes ele conhecia Jesus de ouvir falar, agora ele conhecia Jesus de fato. Agora Zaqueu era honesto e não o caloteiro. Era figueira excelente e não a brava (na qual se apoiou a vida inteira). Ele estava se voluntariando para restituir o que ganhou de forma errada de acordo com a Lei de Deus, o que mostra que Zaqueu o aceitou e nasceu como novo homem.
É certo que a prática da defraudação não lhe seria mais própria e aqueles que já haviam sido prejudicados seriam recompensados. Um novo homem, uma nova vida!
Zaqueu com certeza não terá ficado pobre e tão pouco deve ter deixado de fazer o seu trabalho, mas abdicou da riqueza e condição que as práticas corruptas e abusivas muitas vezes nos trazem, sendo isso também um exemplo para todos nós, dinheiro não é tudo.
Conclusão
A vida de Zaqueu e seu encontro com Jesus nos ensina muitas coisas, entre as quais:
- A Universalidade do Evangelho.Todos os tipos de pecadores podem ser salvos, sejam eles pobres ou ricos, o que é preciso é querer conhecer a Deus.
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É preciso buscar um encontro real com Jesus, não basta ouvir falar ou acompanhar de longe.
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A transformação verdadeira do ser advém desse encontro em que o arrependimento se faz necessário e é consequência do relacionamento espiritual profundo com Deus.
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O pecado não é capaz de conduzir a uma vida de paz.
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Obedecer ao chamado de Deus implica renunciar a práticas antigas que muitas vezes nos traziam estatuto e condição social.
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Jesus não faz aceção de pessoas.
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O pecado corrompe, Jesus limpa para sermos quem Ele quer que sejamos, honestos e integros.