O juiz iníquo e a viúva

08/04/2021 12:08
                    
Jesus lhes contou uma parábola para mostrar que deviam orar sempre e nunca desanimar:
— Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus, nem respeitava ninguém.
Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que sempre o procurava, dizendo: “Julgue a minha causa contra o meu adversário.”
Por algum tempo, ele não a quis atender, mas depois pensou assim: “É bem verdade que eu não temo a Deus, nem respeito ninguém.
Porém, como esta viúva fica me incomodando, vou julgar a sua causa, para não acontecer que, por fim, venha a molestar-me.”
Então o Senhor disse: — Ouçam bem o que diz este juiz iníquo.
Será que Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?
Digo a vocês que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando o Filho do Homem vier, será que ainda encontrará fé sobre a terra?


Lucas 18:1-8
 
Nessa parábola temos dois personagens principais: Um juiz e uma viúva. A viúva tinha uma causa justa contra um adversário que não é revelado no texto. O que se vê é que ela desejava ardentemente que o juiz julgasse sua causa, fazendo justiça. O juiz a desprezou várias vezes ignorando o seu pedido. No entanto, pela insistência da viúva, e pela importunação que ela lhe causava, o juiz decide que iria julgar a causa.
 

O simbolismo

Sabemos que Jesus em suas parábolas muitas vezes usava de simbolismo específico para representar verdades maiores.
O juiz dessa parábola representa o lado mais forte da sociedade. O cargo que ocupava demonstrava que era alguém muito importante e que não temia nada nem ninguém, nem sequer a Deus. Era poderoso e iníquo.
Este juiz é a representação do esquema de justiça da nossa sociedade. Um sistema iníquo, lento e corrupto que é forte para os fracos e fraco para os fortes.
A viúva por sua vez representa o extremo frágil e sem recursos. As viúvas eram marginalizadas na sociedade dos tempos de Jesus, e muitas vezes na escritura as viúvas representam a igreja cristã (ou seja, os verdadeiros cristãos), que aparentemente se encontram como viúvas (sem marido = Cristo) neste mundo ímpio.
 

Na prática

E realmente se atentarmos a esse simbolismo percebemos que neste mundo não é fácil para o cristão obter justiça, afinal todo o sistema mundano é injusto e corrupto e raramente é possível obter justiça de forma direta e prática. No entanto até mesmo este mundo impio está sob a autoridade suprema de Deus, e o Senhor quando quer pode Ele mesmo influenciar este sistema injusto. Conforme diz o ditado: “Quando Deus manda, até o diabo obedece”
 

Oração é o recurso para a justiça

O tema central da parábola é a oração perseverante. O texto já revela isso logo no início: Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer” (Lc 18. 1). A viúva é a personagem que nos mostra que devemos buscar a solução das nossas causas justas. Observe que ela não busca vingança contra seu adversário, antes, busca que o juiz dê o ganho de causa a ela, pois tinha certeza que estava correta. Isso mostra fé da parte dela. Podemos identificar essa viúva com os servos de Deus.
Deus ouve as orações e faz o que é correto. Esse juiz iníquo faz um contraste com o juiz justo, que é o Deus todo poderoso. Se um juiz iníquo foi forçado a ouvir uma pessoa das mais simples e humildes da sociedade, e julgou a sua causa, Deus, o todo poderoso juiz justo, não iria fazer muito melhor do que isso? Com certeza! Por isso, o texto mostra claramente essa verdade: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (Lc 18. 7)
 

Na hora certa

Deus não é demorado em responder ao clamor de seus servos. A ansiedade da viúva certamente era muito grande para ver a sua situação resolvida. Porém, precisou de vários encontros com o juiz para que ele a atendesse. Precisou ser resistente e persistente. Deus faz todas as coisas no tempo certo. A nossa ansiedade e imediatismo muitas vezes destroem a nossa persistência e a nossa fé. A parábola termina dizendo que Deus faz justiça depressa e não demorada. “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.” (Lc 18. 8).
Deus não se atrasa, embora muitas vezes nós gostássemos de ver a justiça para ontem, Deus irá fazê-la no tempo certo para que esta seja efetivamente feita em todo o seu esplendor. Cabe a nós ter fé e paciência sabendo que Deus está atento às orações dos cristãos, e às suas causas justas, Deus lhes fará justiça.
 

A FÉ

A fé genuína é uma questão central nestas petições pois a parábola termina com a seguinte frase de Jesus:
“Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18. 8)
A conclusão da parábola é impressionante. Jesus derruba a questão do imediatismo e mostra que na realidade o que falta muitas vezes nas pessoas é a fé. A viúva teve fé, mas muitos não têm. Com uma pergunta de efeito Jesus questiona se aqueles que vêm até Deus com suas orações serão como a viúva cheia de fé perseverante ou se as coisas não forem de imediato resolvidas que logo desistem.
 

A volta de Jesus e sua ligação à parábola

Não deixa de ser interessante Jesus com essa pergunta associar a sua vinda à oração perseverante.
Nós pensamos que esta parábola é também um alerta para perseverar em oração nestes tempos difíceis que antecedem a volta de Jesus. Sabemos que existirá tribulação antes e é necessário aguentar esse período sem nos entregarmos à sedução do sistema. Ora a solução é segundo Jesus: Oração e fé.
Aliás a pergunta, será que vai haver fé, não foi feita para especular se haverá cristãos verdadeiros na terra na ocasião de sua vinda. A Bíblia já responde claramente esta questão (cf. Mateus 24:44-46; Lucas 12:37; 17:34,35; 1 Tessalonicenses 4:13-18; etc). Mas a pergunta feita por Jesus tem o objetivo de provocar uma reflexão, um autoexame. Cada um deve se perguntar:
Será que estou pronto para aguardar pacientemente e perseverando em oração, o momento da volta de Cristo?   
 

Lições da Parábola do Juiz Iníquo e a Viúva

Em primeiro lugar, essa parábola nos ensina que devemos orar continuamente e com perseverança. A viúva não desistiu de suplicar sua causa a um homem ímpio e sem consideração por ninguém. Nós, porém, temos um Juiz santo, justo E TODO PODEROSO; então não podemos desanimar.
Em segundo lugar, a Parábola do Juiz Iníquo nos ensina a orar pelos motivos corretos. Todo o contexto da parábola parece indicar que a viúva que importunava o juiz estava do lado da justiça, ou seja, seu pedido era legítimo e aceitável.
Em terceiro lugar, a Parábola do Juiz Iníquo nos ensina que a resposta da oração pode, aos nossos olhos, demorar. Uma oração sem resposta não significa que Deus não a escutou. A demora na resposta de uma oração sempre tem um propósito. Se você está orando pelos motivos certos, não com propósitos egoístas, mas visando o bem do reino de Deus, e ainda não foi respondido, então talvez o Senhor esteja lhe ensinando algumas lições necessárias. Aproveite para aprender mais sobre a paciência e a perseverança, e tenha sua fé fortalecida. Às vezes Deus nos reserva uma bênção ainda maior que vai além do nosso pedido, mas nossa impaciência muitas vezes acaba prejudicando nossa compreensão a esse respeito.
 
 

Fontes:

Explicando as parábolas de Jesus: O juiz iníquo
https://www.esbocandoideias.com/2012/09/parabolas-de-jesus-o-juiz-iniquo.html
A Parábola do Juiz Iníquo
https://estiloadoracao.com/parabola-do-juiz-iniquo/