No caminho de Emaús
16/05/2017 11:41
Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
"Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel"
A pergunta é: o que havia sucedido?
Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
Lucas 24:17,21
Naquele momento Jesus aproxima-se deles e dirige-lhes uma simples pergunta:
Já sentiram o desconforto de um curativo ou daquela gaze que cola ao ferimento e você terá que puxar aquilo de qualquer maneira?
Os discípulos mostram duas reações, diz o teólogo Craig Evans, de deceção e de confusão.
“Nós Esperávamos”.
“Eles pararam entristecidos”.
Outra consequência da deceção é a falta de comunhão com o grupo, como relata o verso 13:
Isso nos mostra o tamanho da deceção, pois estavam saindo de Jerusalém, para voltarem para os seus antigos afazeres, estavam dispersos, longe do grupo que seguia a Jesus, estavam longe da comunhão e da espiritualidade, perderam a esperança e voltavam para o mundo.
Abra os seus olhos agora, esqueça o passado, lance fora as deceções e busque na Bíblia o retorno deste caminho de Emaús.
Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.
Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.
Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.
Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?
Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.
Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;
e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.
Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram.
Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!
Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?
E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.
Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.
Mas eles forçaram-no a parar: Fica connosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles.
Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.
Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu.
Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?
Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.
Lucas 24:13-33
No evangelho de Lucas encontramos esta passagem que relata o encontro de Jesus com dois dos seus discípulos após a sua ressureição. Estes dois, muito abatidos pela crucificação de seu Mestre, vão a caminho de um povoado de nome Emaús. Esta passagem nos dá uma importante mensagem que se aplica principalmente a todos os que apesar de acreditarem em Deus, devido às desilusões que vão encontrando na sua vida, vão desanimando em sua crença espiritual. Mas como veremos, mesmo nestes casos, Deus vai ao encontro do homem mostrando-lhe qual o caminho a seguir.
A caminho de Emaús
Emaús era com certeza um lugar que significava muito para aqueles discípulos. Certamente era onde residiam e onde haviam deixado tudo para seguir o Cristo que agora, para eles, estava morto. A distância de Jerusalém a Emaús era de 11 quilómetros, e a viagem a pé durava um dia e uma noite de caminhada cansativa por uma estrada íngreme, sem nenhuma pavimentação e muito arenosa.
Temos para nós a estrada de Emaús como um caminho de regresso, como o retorno à nossa vida do passado, aquilo que fazíamos e praticávamos fora da vontade de Deus mesmo após o termos conhecido. A estrada de Emaús é também considerada como a estrada da deceção, do desespero e da desobediência. A estrada de Emaús é a estrada da falta de fé e da inobservância das escrituras, mas é também a estrada do nosso resgate nos momentos de desânimo em que o desespero e a nossa fraqueza nos levam ao cativeiro da apostasia (afastamento definitivo e deliberado de Deus).
Os discípulos
O primeiro fato importante a ser observado é o desânimo dos discípulos:
"Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel"
Lucas 24:21
Os discípulos esperavam um triunfo magnífico e cinematográfico de Jesus sobre os romanos e judeus, mas isso não acontecera, levando-os ao total desânimo.
Outro fato muito importante que lemos é o que está no verso 13:
"Nesse mesmo dia"
Essa é uma continuação do texto anterior que fala da ressurreição de Cristo e do seu aparecimento a alguns dos seus seguidores.
Com certeza aquele dia era o dia mais importante da humanidade, o dia em que o filho de Deus ressuscitou, o dia em que a morte foi vencida, o dia em que Deus triunfou sobre o mal. Era um dia de vitória dentro do Cosmo, era um dia de vitória para o ser humano. Dia de festejar.
Mas os sentimentos daqueles dois discípulos eram totalmente contrários, pois eles ainda choravam a morte, enquanto Jesus já havia ressuscitado. Era o paradoxo das emoções.
Como podemos explicar o sentimento de desânimo e deceção daqueles discípulos? Se aquele era dia de festa e glória como poderiam estar tristes? Como no meio da maior vitória que o universo já teve, sentir-se um fracassado? Como no dia da esperança sentir-se dececionado?
A estrada de Emaús hoje

No decorrer das nossas vidas, infelizmente também nós passamos pela experiência da estrada de Emaús:
A estrada do regresso: Onde retornamos a nossa antiga “vidinha” de pecados e erros.
A estrada da deceção: Onde caímos na deceção com a fraqueza humana.
A estrada do desânimo: Onde ficamos desanimados através das circunstâncias difíceis que nos assolam.
A estrada da cegueira: Onde não conseguimos ver a atuação de Deus e achamos que Ele não se importa mais connosco.
Porém, se você que lê este texto, sente estar na estrada de Emaús, saiba que Deus irá até si e vai-lhe mostrar como voltar para aquilo que Ele te designou.
Mas quando é que passamos pela Experiência da Estrada de Emaús?
1) Passamos pela Experiência do Caminho de Emaús quando vivemos as imagens do passado. V. 14

"Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado."
Lucas 24:14
A pergunta é: o que havia sucedido?
Havia na memória dos discípulos imagens marcantes que nunca iriam esquecer. Eles comentavam sobre essas lembranças que estavam moendo as suas almas.
Havia muitas coisas para se lembrar: Os grandes milagres de Jesus e seus feitos miraculosos onde mostrou que tinha poder sobre a vida dos homens, sobre as forças da natureza e um conhecimento grandioso da vontade de Deus. Só que essas lembranças não ocupavam os comentários das coisas sucedidas. Aqueles dois discípulos lembravam fielmente, como se tivessem um projetor de filme em suas mentes, cena por cena do momento em que o poderoso Jesus foi calado, humilhado, cuspido e maltratado até à morte. Aquelas cenas não saiam de suas mentes, pois o tira teima da dor repetia aquelas dolorosas imagens para que os seus corações sangrassem cada vez mais.
A psicologia afirma que quando temos uma queda nos lembrarmos mais das tragédias do que das bonanças. Lembramos mais rotineiramente das desgraças que dos momentos bons.
A psicologia ainda fala que se quisermos bloquear uma boa lembrança na nossa mente é só plantarmos sobre a boa lembrança, uma má lembrança. Isso trará um bloqueio imediato daquilo que era uma boa e agradável lembrança.
Assim muitas pessoas passam a viver a Experiência do caminho de Emaús porque não conseguem viver o presente, vivendo sim, o passado mórbido e trágico.
Quando enfrentamos a Experiência do Caminho de Emaús não conseguimos nos lembrar dos momentos bons e isso nos afeta, pois sangra em nós aquela mágoa, aquela deceção. E vamos cada dia mais, dando grandes passos no Caminho de Emaús. Por estarmos com os olhos no passado trágico não podemos ver o presente.
2) Passamos pela Experiência do Caminho de Emaús quando sofremos deceções. V. 17, 21.

Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
Lucas 24:17,21
Dizem por aí que a esperança é a ultima a morrer, mas a desses dois já passava pelo processo de decomposição.
A esperança caiu no poço lamacento e escorregadio da deceção. Eles mantinham uma expectativa da fé, do trabalho e dos serviços prestados a Jesus e foram chocados pelo desconforto da não sustentação dessa expectativa.
A deceção foi o caminho mais curto para aqueles dois homens, que esperavam uma coisa de Jesus e receberam outra completamente diferente.
Esperavam vitória e receberam derrota.
Esperavam um reino político e receberam um reino espiritual.
Esperavam guerra e receberam a paz.
Naquele momento Jesus aproxima-se deles e dirige-lhes uma simples pergunta:
"O que vos preocupa e de que vais tratando...”.
Já sentiram o desconforto de um curativo ou daquela gaze que cola ao ferimento e você terá que puxar aquilo de qualquer maneira?
Foi isso que Jesus fez! Pelo menos foi o mesmo desconforto. Jesus puxa o curativo grudado, ressecado e ainda hemorrágico da ferida da alma daqueles homens.
Os discípulos mostram duas reações, diz o teólogo Craig Evans, de deceção e de confusão.
Eles tinham esperanças erróneas e sentiram-se dececionados pelos acontecimentos trágicos que haviam sucedido. Eles se esqueceram das promessas espirituais e das bênçãos infinitas de Deus através de Jesus. Eles não conseguiam ver uma restauração espiritual e sim política.
“Nós Esperávamos”.
A esperança se torna coisa do passado, a deceção mina a esperança, impede de ver a realidade e nos faz retroceder ao passado.
“Eles pararam entristecidos”.
A deceção traz estagnação, eles param, isso mostra que há uma paralisação emocional quando somos surpreendidos pela deceção. Nossas vontades não coordenam a vontade de Deus, se temos motivações erradas para buscar a Deus estamos no caminho certeiro da deceção.
Temos que entender que fomos criados por Deus na luz e a Vontade de Deus é sempre para nosso bem. Por isso andamos tristes, cabisbaixos e sem rumo, por não entender que “Tudo Coopera para o bem daqueles que amam a Deus...”. (Romanos 8:28)
Outra consequência da deceção é a falta de comunhão com o grupo, como relata o verso 13:
“Dois deles estavam de caminho para Emaús”.
Isso nos mostra o tamanho da deceção, pois estavam saindo de Jerusalém, para voltarem para os seus antigos afazeres, estavam dispersos, longe do grupo que seguia a Jesus, estavam longe da comunhão e da espiritualidade, perderam a esperança e voltavam para o mundo.
A deceção com Deus, com a igreja, com os irmãos, trás consequências como o desânimo, o retorno ao pecado e a falta de comunhão com os irmãos.
3) Passamos pela Experiência do Caminho de Emaús por desconhecermos as Escrituras. V. 27
