O Sinal do profeta Jonas (Parte 2) - A Primeira lição de Jonas

23/10/2014 12:25
                                
Agora que já vimos em que consistiu “o sinal de Jonas” e mais algumas curiosidades sobre o mesmo, vamos aproveitar para entender um pouco mais sobre a importância do livro de Jonas na Bíblia.
Sendo assim aconselho a quem nunca leu, primeiramente a ler o pequeno livro que se encontra na Bíblia entre os livros de Abdias e Miquéias, ele é bem pequeno mas suas lições enormes, mas mesmo para quem não leu faremos aqui um breve resumo.
 

Resumidamente a história é a seguinte:

Jonas é comissionado pelo Deus de Israel para ir a Nínive, capital da Assíria. A sua missão era admoestar os assírios que devido à sua crueldade e ao muito derramamento de sangue, iriam sofrer a ira Divina caso não se arrependessem dentro de quarenta dias. Os assírios eram famosos, por exemplo, por decapitar os povos vencidos, fazendo pirâmides com seus crânios. Crucificavam ou empalavam os prisioneiros, arrancavam seus olhos e os esfolavam vivos. Temendo pela sua vida, Jonas foge rumo a Társis, no SE da Península Ibérica (na moderna região da Andaluzia). Situa-se a aproximadamente 3.500 km do porto de Jope (a moderna Tel Aviv-Yafo).
Segundo o relato bíblico, durante a viagem acontece uma violenta tempestade. Esta só acaba quando Jonas é lançado ao mar. Ele é engolido por um "grande peixe" (Jonas 1:17) e no seu estômago, passa três dias e três noites. Sentindo-se como se estivesse sepultado, nesta situação arrependido reconsidera a sua decisão. Tendo-se arrependido, é vomitado pelo "grande peixe" numa praia e segue rumo para Nínive.
Segundo o Livro de Jonas, os habitantes de Nínive (e povoados dependentes) mais dados à superstição e ao temor das divindades, ter-se-iam mostrado arrependidos de sua conduta sanguinária. Jonas se mostra desgostoso pela não destruição de Nínive e acaba por ser repreendido por isso.
 
Mas vamos por partes:
 

1. “A palavra do Senhor veio a Jonas...”

 “E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do SENHOR para Társis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.”

Jonas 1:1-3
 
O Senhor chamou Jonas e deu-lhe uma missão específica: ir a Nínive e clamar contra ela! Contudo, após escutar a missão, foi em sentido contrário: para Társis. 
Embora Jonas conhecesse a vontade de Deus, ele não a fez. Primeiramente porque possívelmente temeu por sua vida e depois porque (segundo ele) teve dúvidas que Deus realmente fosse punir Nínive.
Como Jonas, também nós, muitas vezes assim agimos: quando a vontade de Deus não se encaixa com nossa lógica, pensamento ou planos recusamos em fazê-la. 
De fato, tentamos até jogar a responsabilidade para Deus. “Tudo seria melhor, se Deus tivesse dado a mim isto, ou tivesse feito aquilo, ou se Ele não me recusasse aquilo outro.” Em outras palavras dizemos: “é Deus quem está errado, não eu.”
Então Jonas partiu. Ele foi a Jope e lá, quando estava  num barco partiu rumo a Társis. Da mesma forma nós: quando não gostamos do que Deus está dizendo tentamos um plano alternativo. Tomamos o barco que nos leve onde acreditamos ser a terra da promessa.
Mas...
 

2. “Mas o Senhor…”

Agora Jonas encontra-se no meio do oceano a caminho de Társis. Contudo, não por muito tempo:

 “Mas o Senhor mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se. Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, e lançaram ao mar as cargas, que estavam no navio, para o aliviarem do seu peso; Jonas, porém, desceu ao porão do navio, e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono. E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós para que não pereçamos.”

Jonas 1:4-6
 
Foi o Senhor quem causou aquela tempestade no mar. Se você dirigir-se a Társis, tenha em mente: tempestades virão!
Como veremos mais adiante, o Senhor não enviou a tempestade para punir Jonas, mas para fazê-lo voltar. Deus não é indiferente quando tomamos o caminho errado, mas Ele nos corrige, embora Sua correção possa parecer um tormento.
 
Apesar do fato de o mar se apresentar bravio, Jonas desceu ao porão do navio e lá estava dormindo, primeiro espiritualmente, e depois fisicamente. Os marinheiros estavam orando a seus ídolos, e Jonas, profeta do Deus verdadeiro, estava dormindo! Mas o capitão não concordou com seu comportamento. “Levanta-te! Todos estão de pé e orando e você dormindo? Levanta-te e ora também.” Contudo, apesar de todos estarem orando, a situação não mudou em nada pois uns oravam a ídolos e Jonas orava mas ao mesmo tempo fugia de Deus, então:

“E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.”

Jonas 1:7
 
O que começou apenas como uma viagem para Jonas quase terminou em tragédia. Primeiro, a tempestade, agora a sorte lançada. Deus fez com que a sorte caísse sobre nosso amigo. Você não pode esperar uma viagem boa e tranquila quando se está viajando para longe da vontade de Deus. Não tem como você dormir em paz no porão de seu navio, quando se está correndo em sentido oposto ao que Deus quer que você vá. Tempestade surgirá, e o mundo – os marinheiros – virá para acordá-lo. “Pois, se julgarmos a nós mesmos, não seremos julgados, mas quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor a fim de não sermos condenados com o mundo” diz a palavra em Coríntios 11:31-32.
Então a sorte caiu sobre Jonas e os pobres marinheiros que estavam sofrendo muito caíram sobre ele também.
 

3. Assumir as responsabilidades

“Então lhe disseram: Declara-nos tu agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu? E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca. Então estes homens se encheram de grande temor, e disseram-lhe: Por que fizeste tu isto? Pois sabiam os homens que fugia da presença do SENHOR, porque ele lho tinha declarado. E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar se nos acalme? Porque o mar ia se tornando cada vez mais tempestuoso. E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade."

Jonas 1:8-12
 
“Porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.”
Finalmente Jonas confessou, assumindo a responsabilidade do que estava acontecendo. “Eu sou o responsável por esta tormenta. Este é o primeiro passo e muito necessário. Quando você se afastar de Deus e tempestades vierem, baixe sua cabeça e assuma as responsabilidades! O problema não é Deus e Sua vontade. Não é o clima ou seu azar. A única responsável por isto foi sua desobediência.
Jonas confessou. “Sinto muito. Eu sou o responsável. Atirem-me ao mar e tudo se acalmará.” Não se estava escondendo nos porões do navio. Ao contrário ele fez o que deveria ter feito desde o início: ele assumiu suas responsabilidades.
A desobediência de Jonas afetou a muitos: todos os marinheiros foram vítimas de sua desobediência. Da mesma forma, nossa desobediência pode afetar aos que nos rodeiam. Outros podem ter que lutar contra ondas criadas pela nossa desobediência. 
Assumamos nossas responsabilidades!
 
Então nosso amigo confessou seu erro. Os marinheiros não queriam jogá-lo ao mar de imediato. Eles tentaram duramente voltar à terra firme, porém sem êxito. Assim, após terem orado ao Senhor, eles finalmente o jogaram no mar.
 

Entretanto, os homens remavam, para fazer voltar o navio à terra, mas não podiam, porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra eles. Então clamaram ao Senhor, e disseram: Ah, Senhor! Nós te rogamos, que não pereçamos por causa da alma deste homem, e que não ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, Senhor, fizeste como te aprouve. E levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar, e cessou o mar da sua fúria. Temeram, pois, estes homens ao Senhor com grande temor; e ofereceram sacrifício ao Senhor, e fizeram votos.”

Jonas 1:13-16
 
Quem esperaria isto? Muito provavelmente o sol estava brilhando quando Jonas partiu de Jope. Seria uma ótima viagem até Társis, o suficiente para não ir a Nínive. Quem esperaria que tudo fosse terminar com nosso amigo jogado ao mar? Contudo, assim que Jonas foi jogado ao mar, Deus imediatamente cessou a tormenta e iniciou seu plano para resgatá-lo. A tempestade causada por sua desobediência pode ser muito forte. Contudo, você deve abandonar o navio que o levou para longe de Deus. Para isto você precisa se arrepender!
E então, ainda que você esteja em pleno mar aberto, Deus o salvará. Ele dará ordens à tormenta que cesse e lhe enviará socorro (o peixe), ainda que este inicialmente lhe traga alguma dor e desconforto.
A intenção da tormenta não é sua perda, mas sua volta. No caso de Jonas aqui está o que o Senhor disse:
 

“E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe. E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz. Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado por cima de mim. E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia tornarei a ver o teu santo templo. As águas me cercaram até à alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça. Eu desci até aos fundamentos dos montes; a terra me encerrou para sempre com os seus ferrolhos; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor meu Deus.”

Jonas 2:1-6
 
Enquanto no navio, quando os idólatras estavam orando, Jonas estava dormindo. Mas não agora. Ele estava orando com fervor, seguro que Deus o escutava. Ele agora sabia que estava no comando. E Jonas prossegue:
 

“Quando desfalecia em mim a minha alma, lembrei-me do SENHOR; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo. Os que observam as falsas vaidades deixam a sua misericórdia. Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei. Do Senhor vem a salvação.”

Jonas 2:7-9
 
Jonas esteve por três dias e três noites no estômago do peixe, exatamente o tempo que Jesus Cristo ficou no “coração da terra” (Mateus 12:40). Da mesma maneira como o Senhor morreu e ressuscitou após três dias e três noites, assim também eu creio que aconteceu com Jonas: Um velho Jonas morreu e após três dias e três noites voltou à vida – sua vida “foi elevada da perdição” (Jonas 2:6) “para fora do estômago do Sheol [lugar dos mortos]” (Jonas 2:2) – tornando-se assim um sinal (o “sinal do profeta Jonas” (Mateus 12:39)) do que aconteceria com Cristo.

 “Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitou a Jonas na terra seca.”

Jonas 2:10
 
Finalmente Jonas retornou aonde ele iniciou. Sua desobediência custou-lhe realmente uma forte tempestade. Nossa desobediência também nos trará fortes tempestades. Contudo, ao voltarmos receberemos uma bela lição, tal e qual aconteceu com Jonas...
 
Na segunda vez que Deus o enviou a Nínive ele não mais mudou de direção. As tempestades que possamos enfrentar não serão sem benefícios. Se houver um arrependimento de nossa desobediência, ao final da tormenta seremos novas criaturas: não vamos mais querer ir a Társis. Não mais no rebelaremos contra Deus por não concordarmos com sua vontade, ou porque não era o que esperávamos, mas nos curvaremos e diremos “Sim Senhor. Seja feita a tua vontade. Tu és o Senhor!” Afinal ir pelo caminho contrário à luz sempre nos levará à escuridão...
Desse modo, o peixe vomitou Jonas na terra, imagine o quão cansado ele deveria estar. Normalmente é assim que nos sentimos após tormentas: cansados, fracos, incapazes de fazermos coisa alguma. Pode parecer estranho, é exatamente aqui o ponto em que creio que deveríamos estar – embora não seja o ponto onde deveríamos ficar. Nosso "velho homem" está quebrantado. Não podemos mais dizer: “Eu acho e eu quero...Eu decidi isto. Eu irei a Társis”. O homem velho está rompido agora. O orgulho e o egoísmo que reinavam até aqui acabaram. E este é o estágio onde o Senhor encontra Jonas pela segunda vez: após uma tempestade, após romper seus próprios planos de desobediência, ele agora está pronto para cumprir os planos de Deus.
 
Mas a história e suas lições não acabam aqui, na verdade ainda vão a meio…
 
Na próxima parte analisaremos o que aconteceu com Jonas na sua ida a Nínive e como Deus o continua a ensinar o que é verdadeiramente ser justo e misericordioso.
 

Conclusão preliminar

A história de Jonas nos mostra o que acontece quando Deus quer corrigir e livrar alguém das garras da morte e autodestruição, originadas pela rebeldia.Jonas era com certeza alguém que Deus amava, mas como qualquer um de nós, Jonas ainda era rebelde e não entendia bem os propositos e Amor de Deus.
Deus corrige quem ama e como veremos na próxima parte, realmente Jonas -assim como nós tantas vezes- tinha que ser corrigido.
O primeiro passo está dado, o assumir o erro e as responsabilidades, o segundo veremos na próxima parte.

Oremos para que sejamos dignos da (melhor) correção do Senhor!

Continua...
 
Fontes; no final