A Cura do Filho do Oficial do Rei

29/12/2014 11:51

                         

Segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde da água fizera vinho. E havia ali um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.
Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, porque já estava à morte.
Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.
Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que meu filho morra.
Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu.
E descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive.
Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor. E disseram-lhe: Ontem às sete horas a febre o deixou.
Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa.
Jesus fez este segundo milagre, quando ia da Judeia para a Galileia.


João 4:46-54
 
Já tendo no passado escrito esta matéria, fazemos hoje uma atualização com novos dados que nos parecem importantes. Convidamos, por isso, os leitores a revisitar esta história.
 
No evangelho de João podemos ler sobre um interessante encontro entre Jesus e um nobre oficial do rei Herodes, este último não deve ser confundido com o centurião romano de Mateus e Lucas que já analisamos anteriormente noutro artigo (1).
O oficial do rei Herodes era com certeza judeu e conforme nos diz o evangelho, de alta posição social (nobre), mas seu filho estava às portas da morte e Jesus, que já era conhecido por todos os prodígios que operava, apresentava-se como a única e derradeira alternativa de cura.
Mas qual a mensagem a tirar desta passagem? 
 

A cura do filho do oficial do rei

A cura do filho do Oficial do rei, ocorre quando Jesus estava pela segunda vez em Caná. O Mestre voltava de Jerusalém para a Galileia, para a cidade do casamento, onde havia anteriormente realizado o seu primeiro milagre, transformando água em vinho. É também interessante notar que este episódio se passa logo após a pregação aos samaritanos, onde estes creram na Palavra de Jesus sem que milagres tenham sido feitos, tanto que esse episódio termina com:
E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.

João 4:41
 
Este pode parecer apenas um pormenor, mas como veremos tem diretamente ligação ao episodio da cura do filho do oficial do rei. Mas vamos por partes:
 

Quem era o oficial do rei?

Vivia, naquela época em Cafarnaum, um alto funcionário, ligado à casa civil ou militar de Herodes Antipas, cuja atividade não se pode determinar. Muitos especulam que se tratava de Cuza, intendente de Herodes, que era marido de Joana, uma das piedosas mulheres galileias que passaram a acompanhar o Mestre em suas viagens missionárias.
“E Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com seus bens.” 
Lucas 8:3
 

O filho do oficial

E o evangelista João descreve que ele tinha um filho, que estava gravemente enfermo, acometido por uma violenta febre maligna. Cafarnaum está situada em uma região tropical e pantanosa, que no verão e ainda mais no outono, fica cheia de insetos e mosquitos.
“Segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde da água fizera vinho. E havia ali um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.” 
João 4:46
Eram muitos os casos de vítimas fatais que essa febre, disseminada por esses vetores, fazia. E a febre chegou a um ponto tal, que o pai do menino, o oficial do rei, temia que seu filho estivesse à beira da morte.
 

A fé vem pelo ouvir

Mas a notícia da volta de Jesus para Caná, havia se espalhado por toda a Galileia. E chegou ao conhecimento do oficial do rei, em Cafarnaum. Um fio de esperança se acende no seu coração. Este pai aflito, não poupa esforços e parte em uma jornada de aproximadamente 60 Km, pelo longo e estreito caminho que subia e levava até Caná, onde o Mestre estava.
“Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, porque já estava à morte.” 
João 4:47
E em seu comovente amor de pai, ele roga muitas vezes que Jesus descesse à Cafarnaum e curasse seu filho doente. O Mestre, porém, diversas vezes colocava à prova a fé daqueles que lhe faziam pedidos.
 

Crer para ver

“Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.” 
João 4:48
Jesus com aquelas palavras, não falava somente ao pai suplicante, mas a todos os judeus que de uma forma geral, no curso da história de Israel, estavam sempre a pedir sinais e prodígios, para que pudessem crer em Deus ou em seus profetas.
Até o apóstolo Paulo chegou a esta conclusão, quando fala que os judeus “pedem um sinal”.
“Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;” 
1 Coríntios 1:22
 
Era assim, primeiro os judeus queriam ver, para depois crer. Mas não pela palavra ou pelo testemunho de Jesus, e sim pelos milagres. Entretanto o Mestre sabia que este tipo de fé era vacilante, imperfeita e superficial.
A vontade de Jesus era que seus discípulos acreditassem nas suas palavras, como anteriormente os samaritanos fizeram, não houve milagre em Samaria, mas eles creram na pregação e no testemunho de Jesus.
Este é o grande contraste entre os samaritanos e os judeus, os primeiros acreditaram pelo ouvir, pela lógica, pela mensagem, os judeus só se interessavam por milagres.
 

Superando a prova

E o oficial do rei, em seu muito amor paterno, supera aquela prova inicial de fé, não se abate com a dura resposta do Mestre e continua humildemente rogando por seu filho querido.
Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que meu filho morra.” 
João 4:49

O teu filho vive!

E Jesus o submete a mais uma prova de fé:
“Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu.”
 João 4:50
Estava o Mestre a despertar a fé genuína no coração daquele nobre.
Era preciso realmente fé, pois ele havia vindo de tão longe, pensando com suas categorias humanas de pensamentos, de que Jesus viria junto com ele, e entraria de forma triunfal em sua casa, e após uma linda oração, entregaria o seu filho restaurado em seus braços. Mas ele saiu de Caná com apenas uma palavra: “vai o teu filho vive”. Não foi nada do que havia imaginado, mas ele escolheu crer, acreditar e confiar na palavra de Jesus.
E o oficial do rei, parte em sua provação, com aquela palavra do Mestre, com o coração cheio de esperança, só que mal sabia ele, que Jesus era a própria palavra viva de Deus. E a mesma palavra que no princípio do mundo, transformou o vazio em cosmos, criou e transformou tudo o que vemos e conhecemos, aquela mesma palavra ecoou pelo universo e chegou primeiro ao filho do oficial, repreendeu a febre e o curou. De forma que houve uma alegria tão grande na casa deste nobre, que os seus servos saíram-lhe ao encontro, e regozijando o anunciaram a boa nova.
O pai amoroso, emocionado, logo quer saber a que horas seu filho foi restaurado. Ao que seus servos lhe respondem, “às sete horas”. Ele entende que foi na mesma hora que Jesus havia dito: “Vai, teu filho vive“.
O número 7 aqui representa a perfeição da cura firmada na fé, a confiança na Palavra de Jesus!
Assim sua fé foi tremendamente edificada, chegando-se a fé perfeita, salvadora, pois ele primeiro creu na palavra de Jesus; foi provado em sua fé; e depois viu o resultado, a cura de seu filho. E não podia mais se conter, testemunhou à toda sua parentela, família, servos, funcionários, e eles creram juntamente com ele, e grande foi a salvação naquela casa!
“Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa.” João 4:53
 

Jesus é a Palavra que Cura

É emocionante ver como uma palavra de Jesus tem o poder de transformar a morte em vida. Uma única palavra traz o impossível se tornar possível.
Igualmente, no curso da nossa existencialidade, humana, passamos dificuldades semelhantes. É difícil e longo o caminho da provação. Chegamos a andar tanto por esse caminho, que nos sentimos, por vezes, esgotados. Somos tentados a querer ver, para depois crer, tal como os judeus.
Mas é preciso ter fé e acreditar primeiro, afinal confiamos que Jesus é o Senhor não pelos milagres relatados, mas pela profundidade de Sua mensagem, que é tudo menos enquadrável neste mundo mau.
Por mais absurdas que pareçam as circunstâncias, basta somente uma palavra de Jesus e todo sofrimento vai embora.
Mas se é na Palavra de Jesus que cremos, é necessário pedir, clamar, buscar a Deus em orações e súplicas, e realmente confiar na sua palavra, pois Ele tem o poder, ele tem todo o poder.
O contraste entre os samaritanos e os judeus neste capítulo da escritura deve-nos mostrar no tipo de fé que agrada a Deus, a fé que não é modificada pelas circunstâncias, a fé que primeiro acredita e espera o que for necessário sem vacilar. E Deus nos treina várias vezes a obter essa fé, por isso esteja atento ao teste e suplante-o pois...

Basta somente uma palavra de Jesus!

 

Fonte: 

A Cura do Filho do Oficial do Rei

www.rudecruz.com/o-segundo-milagre-de-jesus-a-cura-do-filho-do-oficial-do-rei-estudo-biblico.php
 

Referências:

 
(1) A cura do “servo” do centurião e a homossexualidade - Parte 1- A Harmonização de relatos
https://www.nunes3373eb.com/news/a-cura-do-%e2%80%9cservo%e2%80%9d-do-centuri%c3%a3o-e-a-homossexualidade-%e2%80%93-parte-1-a-harmoniza%c3%a7%c3%a3o-de-relatos/